Os balanços dos bancos relativos ao terceiro trimestre do ano mostrou um cenário desafiador, sobretudo para as pequenas e médias instituições. Os spreads das operações (diferença entre a taxa de captação e de repasse para os clientes) estão em queda o que impacta diretamente sobre as margens financeiras.
Além da queda dos spreads, os bancos lidam com um cenário de menor procura por crédito em comparação aos últimos anos, quando o governo incentivou consumo como forma de combater os efeitos da crise econômica de 2008. Ou seja, os bancos estão emprestando e ganhando menos com as operações.
Nesse novo cenário, os bancos têm procurado algumas alternativas. Os grandes apostam no aumento das receitas com tarifas e na diminuição das despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD). Os pequenos e médios, no entanto, se encontram em uma situação mais complicada por terem um número menor de clientes e de operações.
No Daycoval, por exemplo, as receitas com intermediação financeira caíram de R$ 1,028 bilhão nos primeiros nove meses do ano passado para R$ 1,005 bilhão em igual período desse ano, queda de 2,2%. No banco Pine a receita com intermediação financeira caiu de R$ 964,6 milhões até setembro do ano passado para R$ 871,9 milhões em igual período desse ano, queda de 9,6%.
O banco Pan, ex-PanAmericano e atualmente controlado pela Caixa Econômica Federal e pelo BTG Pactual, a margem financeira caiu de R$ 378, 2 milhões no segundo trimestre desse ano para R$ 334 milhões até setembro.
“As taxas de juros abriram [aumentaram], mas os spreads [diferença entre o custo de captação e o valor cobrado final] ainda não acompanharam. Mas o Banco Pan possui uma capacidade de geração de ativos muito boa, e uma capacidade de gerir ativos e passivos também muito boa”, disse o diretor de relações com investidores do BTG Pactual, Marcelo Kalim, em teleconferência com analistas, realizada ontem.
Especialistas ouvidos pelo DCI acreditam que esses bancos têm algumas alternativas. A primeira é apostar em fusões e aquisições entre elas. “Em muitos casos, essas instituições são boas em nichos específicos de mercado. Um processo de fusão poderia potencializar a atuação de ambas”, afirmou o economista da Simplific Pavarini e professor da Ibmec-RJ, Alexandre Espírito Santo.
Ele não acredita, no entanto, em um processo de entrada massiva de estrangeiros, principalmente pelas condições do mercado financeiro americano e europeu que ainda sofrem com os resultados da crise de 2008. Para ele apenas as chinesas teriam saúde financeira, mas com a conclusão da compra do BicBanco pelo China Construction Bank (CCB) o apetite está menor e não deve “haver uma onda de compra de bancos por estrangeiros”.
Outra estratégia seria a busca por novos nichos de mercado onde os grandes bancos não tem atuação. “As pequenas e médias instituições tem que continuar focando em segmentos de mercado onde os grandes não tem tanta atuação”, afirmou o professor da Fipecafi, Mário Amigo.
“Caso esse espaço comece a ser ocupado, eles precisaram se reinventar para encontrar novos locais de atuação onde consigam praticar taxas que garantam um bom retorno”, completou.
Caio Zinet
Fonte: DCI